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Por um trabalho de luto coletivo
Luto é o trabalho de recompor a vida na ausência de uma pessoa querida. Este processo é disparado com os rituais de cada cultura: velório, enterro e cremação. O santinho é um dispositivo que resgata do imaginário popular do brasileiro a possibilidade de uma despedida virtual dos nossos mortos que não puderam ser velados em nossa presença.
Como funciona?
Nosso projeto está aqui para auxiliar quem está passando por um processo de luto.
Sabemos que hoje, com a pandemia, as despedidas, os velórios, os enterros e encontros, todos eles fundamentais para atravessar a perda, estão restritos ou mesmo, impedidos de acontecer.
Por isso estamos aqui.
Se você perdeu alguém:
Nossos sinceros sentimentos e profundo pesar pela sua perda.
E queremos dizer que nada substitui, inteiramente, estes rituais.
Porém, acreditamos que há algo a se fazer com a sua dor.
Estamos à disposicao para escutar seu relato, seu sofrimento e seus silêncios.
É possível e importante falar, relembrar, buscar o que foi perdido quando se perdeu alguém tão amado.
Podemos juntos construir uma memória, uma homenagem, um poema, uma despedida virtual mediada por nossos profissionais ou simplesmente, escutá-los.
Os santinhos que elaboramos não tem um custo financeiro, mas tem um valor de direito inestimável:
A memória.
Envie-nos a imagem de um objeto de uso pessoal que represente a pessoa que morreu, com alguns dados importantes da sua vida através dos quais ela gostaria de ser lembrada. Construiremos com você o seu santinho, ajudaremos na notificação da morte e na divulgação de um horário de encontro virtual para realizar a despedida. Não estamos sozinhos.
Memorial
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Quem somos

Marília Velano
Eu nasci no interior de Minas Gerais. Lembro do enterro do meu avô .O comércio fechava na medida em que o cortejo passava . Era respeitoso embora eu nem soubesse o que isso queria dizer. Com meu outro avô foi diferente. Meu pai era criança ainda e seu pai foi tratar de tuberculose em BH. Eles nunca souberam onde ele foi enterrado. Meu pai até hoje quando vai a B.H. conta esta história . Para minha filha eu conto outra: quando minha mãe morreu escolhemos o vestido, as flores, velamos, cantamos e a enterramos . Fui fazer o seu santinho alguns dias depois da sua morte. Escolhi a foto, o poema, o desenho e entreguei numa missa de sétimo dia que certamente ela iria adorar porque era católica. Despedir-se é um remédio para a alma frente à limitação da vida. Uma dignidade indispensável que prepara para o trabalho de refazer a vida sem uma parte do que amamos. " Pregue que a vida é emprestado ,estado.
Mistérios mil que desenterra, enterra."
Sou psicanalista, doutoranda em psicanalise pelo IPUSP, mestre em Psicanalise pela Université Paris VII Denis Diderot, professora do Instituto Sedes Sapienteae.

Erica Azambuja
Como me apresentar como psicanalista e parte deste projeto de auxílio na elaboração do luto e das consequências que advém da impossibilidade de realizar os rituais fúnebres fundamentais neste momento inédito na história da humanidade, sem « bendiZer » da minhas implicações e onde está ação vai de encontro ao meu desejo.
Quando tinha 9 anos, meu pai desapareceu.
Ele nunca mais foi « visto » pelos familiares e amigos, não conseguimos encontrar até hoje algo que indicasse seu paradeiro.
Não tivemos um corpo pra velar, não tivemos uma história para contar, o livro ficou sem fim.
Hoje, 31 anos depois do seu desaparecimento, as páginas em branco são muitas vezes mais aterrorizantes que qualquer notícia trágica, que qualquer imagem dele morto.
Páginas em branco num processo de luto se tornam uma catástrofe psíquica.
Por saber disso, no corpo, e sem o corpo, que aposto e me invisto para que outras pessoas possam fazer algo com este vazio, para que através do encontro com este dispositivo de elaboração do luto possamos inscrever algo, marcar, pontuar o que necessita de uma consideração muito especial.
Estas páginas precisam ganhar palavras, cores, cheiros, memórias, lágrimas ou objetos para que o livro tenha um lugar merecido em nossa estante.
Sou psicanalista lacaniana com formação na ecole de Cause Freudienne de Paris. Trabalho em meu consultório particular em Lisboa, Faço parte da Clínica Social do Centro Português de Psicanálise em Lisboa.

Laurindo Feliciano
Cresci em uma família assombrada pela perda do meu avô paterno, que partiu quando eu tinha 1 ano de idade. Sua presença não era somente necessária na estrutura familiar, mas de todo o bairro e região onde cresci, era farmacêutico e a importância de figuras assim é muito grande. Dele recebi o nome e o peso desse legado social. No final da adolescência perdi minha mãe por um cancer e pouco mais de um ano meu pai por complicações dadas à inúmeras doenças crônicas. Meu trabalho é construído através da memória, da casa que não existe mais e do afeto que se foi tão cedo. Essa busca, tanto individual como coletiva, resulta em um compilado de tentativas de interpretação do que nos resta.
Sou um artista e ilustrador brasileiro nascido em Belo Horizonte e radicado na França desde 2003.
Cartas registradas
Cartas Registradas
A gente nunca sabe o que perde quando perde alguém, mas temos a quem nos endereçar na travessia desta empreitada.
O santinho é um projeto que auxilia no processo de luto e na sua elaboração.
As "cartas registradas" foram elaboradas por alguns importantes escritores brasileiros destinadas aos familiares e amigos enlutados. Uma carta que registra o momento atual, que não aceita o esquecimento e faz apelo ao direito de memória.
A carta registrada é aquela que não se extravia e garante a chegada ao seu destino.
É um movimento de convocação da vida através do registro da morte.
Uma carta que reconhece apenas um destino:
o valor da vida de cada um.
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